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sábado, 19 de maio de 2012

A PETROBRÁS E A GRÉCIA - O EFEITO BORBOLETA DE LORENZ E A ILHA DE DONNE
 
O matemático e meteorologista Edward Lorenz é autor da teoria que fundamenta o chamado "efeito borboleta": um simples bater de asas de uma borboleta em - digamos - São Sebastião do Caí, no sul do Brasil, pode provocar, por reação em cadeia, uma violenta tempestade de gelo nas longínquas estepes da Manchúria, no norte da China, tempos depois. Isto é: nos sistemas complexos abertos, há uma interligação dinâmica imponderável, que está fora do nosso controle. Somos cada vez mais conectados e interdependentes neste planeta. A Grécia, muito recentemente, realizou eleições, em meio à crise econômica de proporções gigantescas que está vivendo. Os partidos tradicionais, como o Nova Democracia, de cunho mais conservador, e o Partido Socialista, foram surpreendidos. O voto se dividiu: nazifascistas e extrema-esquerda, além de forças ultranacionalistas de direita, tiveram notável ascensão. Resumindo: na Grécia está em marcha um grave processo de fragmentação social, associado a uma perda de eixo político e de objetivos nacionais comuns. A pulverização partidária não permitiu sequer a formação de um governo. Novas eleições foram convocadas para 17 de junho. Os gregos culpam a moeda oficial única de 17 países, o euro, e a rígida política monetária do Banco Central Europeu, pela situação em que se encontram. A Grécia ameaça abandonar a zona do euro. Essa decisão impactaria dramaticamente a Europa. Vejam: só essa ameaça, por si mesma, já é capaz de produzir efeitos. É o bater de asas da borboleta provocando a tempestade de gelo. A confiança no euro está indo para o espaço. Investidores internacionais que possuíam seus ativos financeiros em euro se transferiram massivamente para o dólar. Em consequência dessa nova e inesperada procura, o dólar se valorizou de um dia para o outro. Inclusive frente à moeda brasileira, o real. Com a desvalorização do real, conforme noticiou ontem e hoje o jornal Estado de São Paulo em sua seção Economia/Negócios, a Petrobrás deixou de ter um valor de mercado de 144 bilhões e passou a ter um valor de 129 bilhões de dólares. Quer dizer: uma drástica redução de patrimônio num estalar de dedos: as urnas da eleição grega fizeram 15 bilhões de dólares do valor da Petrobrás se esfumaçarem no ar. Lembrei-me do poeta inglês John Donne. O que Donne escreveu sobre o ser humano como indivíduo, no século XVII, vale, no mundo de hoje, para os países e para as empresas: definitivamente, em nossos dias, nenhum país - assim como nenhuma empresa - pode ser uma ilha