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segunda-feira, 28 de maio de 2012

NOITADAS DE GALPÃO
 
Nas noitadas de galpão / Tinha os causo de peão / Tinha até fogo de chão / Pra gente se aquentar / Os guri lá da cidade / Não conhecem a metade / Das escabrosidade / Que contavam pros piá. / Lua cheia, lobisome / Dá um frio no abdome / A valentia velha some / É bom não duvidar / Se tu tem medo de careta / É no rangido da carreta / Que a coisa fica preta / Tá chegando boitatá. / O guri encarangado / Ouve quieto e calado / Com os olho arregalado / Sente a espinha arrepiar / Antes que lhe apareça / A mula sem cabeça / Uma cerração espessa / Vai baixando devagar. / Eu que vinha da cidade / Cheio das verbosidade / Ouvia as barbaridade / Não me atrevia a falar / Histórias de bruxaredo / Eu ali, cheio de medo / No outro dia, muito cedo / Tinha que levantar. / Meia-noite, não atrasa / Era a ordem lá de casa / Mas eu ficava ao pé das brasa / Não saía do lugar / Não deixava o borburinho / Pra lugar nenhum sozinho / Não ia nem lá no cantinho / Pra poder me aliviar. / Nas noitadas de galpão / Tinha os causo de peão / Tinha até fogo de chão / Pra gente se aquentar / Os guri lá da cidade / Não conhecem a metade / Das escabrosidade / Que contavam pros piá. (JF)