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quinta-feira, 8 de março de 2012

8 DE MARÇO - APRENDENDO A APRENDER
 
O voto feminino faz 80 anos no Brasil. Ao olhar para homens da minha idade, 65, posso dar testemunho do turbilhão de mudanças que, na voragem dessas décadas, atravessou nossas vidas. 


Quando viemos ao mundo, era o após-guerra. O direito ao exercício do voto pelas mulheres não tinha sequer completado ainda 15 anos de existência. Nascemos, portanto, em um mundo em transformação. Quantos patamares novos galgamos, quantas etapas tivemos que vencer. Quantos velhos paradigmas tivemos que destruir. Um homem comum, como eu, filho de um pequeno farmacêutico de bairro e de uma dona de casa, com origem em família da zona rural, foi um aos 15, outro aos 30, um novo homem aos 45 e seguramente uma pessoa diferente agora. Refiro-me à questão da igualdade de gênero. 

A revolução soviética veio e se foi. A revolução hippie, da Era de Aquarius, veio, deixou suas marcas, mas se esfumaçou. A revolução tecnológica nos afeta todos os dias e - creio eu - lutamos também todos os dias para sermos sujeitos e não objetos das inovações surpreendentes que ela impõe às nossas vidas. Mas há uma revolução que nos atingiu a alma, que mudou o nosso modo de ser visceralmente, que libertou a muitos de nós de um mundo primitivo e atrasado. Foi algo que revolveu valores no mais profundo de nós mesmos e segue revolvendo e nos transformando a cada passo, a todo momento. Nada mudou tanto nossas vidas como o novo protagonismo feminino. Não há dúvida: a revolução mais importante do século XX foi a revolução da mulher. Foi a grande revolução que veio para ficar, avançar dia a dia e produzir frutos e consequências concretas para o futuro. 

Alguns homens participam, outros nem tanto, alguns observam e não entendem, mas todos tivemos que aprender. Na vida real, direta e cotidiana. A igualdade de gênero, plena em direitos e oportunidades, ainda está longe. Por isso, é importante continuar mudando. Por isso, é importante continuarmos sendo essa metamorfose ambulante. Ainda há muito que caminhar. Cada dia é um novo dia - e é preciso estar sempre aprendendo a aprender.