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sexta-feira, 13 de julho de 2012

SEGURANÇA ALIMENTAR NO MUNDO

É impressionante como os conceitos se modificam a cada década nesse novo mundo em que vivemos. Quando a minha geração estudava Geografia, falava-se eloquentemente em recursos naturais. País com recursos naturais tem tudo e não passa fome, se dizia. Estamos na segunda década do século XXI e tudo mudou. O importante não são os recursos naturais, se diz agora, o importante é a segurança alimentar. Segurança alimentar é a capacidade que cada país tem de assegurar alimentos a toda sua população, de forma contínua e permanente, com qualidade e quantidade suficientes. Notem, nesses dados da revista inglesa Economist, expressos no quadro abaixo, que o Brasil está em 31º lugar, muito longe da França, por exemplo, que está em 4º lugar. No entanto, nossa capacidade agrícola é maior do que a da França. Ainda mais: a Arábia Saudita, que não tem terras agricultáveis e não tem água (a água lá utilizada vem do mar, é transportada por 350 km e tem que passar por um caríssimo processo de dessalinização antes de ser consumida pelas pessoas e antes de ser empregada na irrigação), está em 28º lugar e é um país considerado de boa performance; a Tanzânia, ao contrário, é um país rico em terras agricultáveis, a maioria das propriedades é de pequenos produtores rurais, tem água abundante, mas está em 99º lugar e é considerado um país de baixíssima performance. O que explica o Brasil ter menos segurança alimentar do que a França e a Tanzânia menos do que a Arábia Saudita? A segurança alimentar, no mundo de hoje, não está mais dimensionada pela capacidade de produzir alimentos internamente, mas sim pela capacidade de toda a sua população de "acessar" os alimentos. Um país com instabilidade política, más estradas, precária infraestrutura e logística de distribuição, população com baixa renda, reduzida capacidade de importação, além de baixa produtividade agrícola, é um país que está sujeito à insegurança alimentar, o que - em outras palavras - significa que sua população pode ser submetida recorrentemente a períodos de escassez de alimentos e fome. Isso também explica por que, mesmo sendo um grande produtor de alimentos, rico em recursos naturais, com bolsões de alta produtividade, estamos em 31º lugar no mundo, depois da Arábia Saudita, que nem água tem.
  
O quadro abaixo indica a posição dos países quanto à segurança alimentar, isto é, a capacidade de garantir alimentos de forma continuada e permanente a toda sua população. O Brasil, apesar de ser um país eminentemente agrícola, está em 31º lugar. O Sudão e a Etiópia, que são exemplos de insegurança alimentar, encontram-se no 95º e no 100º lugar, respectivamente. Os Estados Unidos vêm em 1º lugar. O gráfico também demonstra a diferença entre os países pela coloração. Quanto mais escuro, mais alto o grau de segurança alimentar. O Brasil, a Argentina e a China estão posicionados no nível considerado "boa performance". O Paraguai e o Egito, por exemplo, têm "modesta performance". Já a França e a Austrália estão no mesmo nível dos Estados Unidos, cumprindo a "melhor performance".

                               Clique no gráfico para ampliar e ver a classificação dos países: