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segunda-feira, 23 de julho de 2012

O FIM DA IMAGINAÇÃO É O FIM DA LIBERDADE E O FIM DA LIBERDADE É O FIM DA VIDA
(O que Ray Bradbury me ensinou)

 
Ray Bradbury mudou minha vida. Eu não sei exatamente quando, mas o que posso dizer é que, depois de ler "Fahrenheit 451", nunca mais fui a mesma pessoa. Talvez hoje, com o turbilhão de mudanças que a cada segundo a era digital joga sobre nosso cotidiano, "Fahrenheit 451" (tanto o livro como o filme) tenha se tornado um drama de ficção científica um tanto quanto ingênuo e bem menos sedutor. Não sei como os jovens de hoje o veriam. O que sei é que este livro - e o filme correspondente, dirigido pelo gênio de François Truffaut - tocaram fundo em minha emoção. 


"Fahrenheit 451" narra o drama de Guy Montag, em sua incrível trajetória da escuridão à claridade. É um tempo futuro e ele é membro de uma brigada antilivros. Livros geram dissidência e são proibidos pelo poder oficial. Seu trabalho é encontrar os livros ainda existentes na casa das pessoas, invadir, tomá-los à força e incinerar tudo. Ele cumpre fielmente seu dever. No entanto, no escuro e na solidão da noite, sob a tênue luz de uma lanterna, escondido de sua própria mulher para que esta não venha a delatá-lo, ele lê com avidez alguns dos livros que conseguiu secretamente preservar e guardar. E descobre pouco a pouco um mundo maravilhoso, um mundo jamais pensado, de histórias, de sonhos, de vidas, aventuras, mistério, magia e conhecimento: o ilimitado e fantástico mundo da imaginação humana que está dentro dos livros. 

Mais do que qualquer outra personagem literária de minha adolescência, foi Montag, na sua dura viagem da alienação ao estado de consciência, quem me fez entender - de uma vez para sempre - que os valores da liberdade e da imaginação são os que nos distinguem dos outros animais e nos tornam verdadeiramente humanos. 

O falecimento de Ray Bradbury, recentemente ocorrido, foi noticiado nos jornais do mundo inteiro e me fez lembrar que seu legado é inestimável para a minha geração. Dele recebi um ensinamento que jamais esquecerei: o fim da imaginação é o fim da liberdade e o fim da liberdade é o fim da vida.

Na foto abaixo, Ray Bradbury  
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