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quinta-feira, 14 de junho de 2012


ELIZABETH E PORTIA: A RAINHA DA JAMAICA E OS CAMINHOS INSONDÁVEIS DE UMA DEMOCRACIA



Meu filho às vezes fecha a porta do quarto e mergulha por horas e horas no som de Bob Marley. Acho isso fantástico, não só porque me faz feliz saber que ele cultua os melhores valores da música, mas também pelo fato simples e espantoso de que, quando Marley morreu, ele ainda não havia nascido. É impressionante: volta e meia, a Jamaica entra em minha casa. A fulgurante Jamaica, a pátria do reggae, a terra do gênio incomparável de Bob Marley, o país de Usain Bolt, o homem mais veloz que o vento. Pensava justamente nisso quando me deparei com esta magnífica foto do fotógrafo Chris Levine, que está sendo exposta na Galeria Saatchi, de Londres, reproduzindo a austera figura de Elizabeth II. Logo me veio à mente o fato de que, exatamente há 50 anos, por vontade divina - dizem os documentos reais - e por livre consentimento do seu povo, a serena e impávida Elizabeth é a Rainha da Jamaica. É interessante, porque a Jamaica presta reverência a Sua Majestade, mas nem por isso deixou de ser um Estado independente e democrático, hoje sob a égide da poderosa primeira-ministra Portia Simpson-Miller, eleita pelo voto de seus compatriotas, à frente de um partido de orientação socialista, o Partido Nacional do Povo. Nem por isso a voz da sua gente deixou de chegar aos quatro cantos do mundo. Olho para essas duas mulheres e constato que elas são profundamente díspares, são contraditórias, sim - mas talvez não sejam excludentes entre si. E aí me dou conta do quanto insondáveis podem ser os caminhos de uma democracia - e ainda assim ser uma verdadeira e incontestável democracia.


 

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