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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

 A LUZ DAS ESTRELAS, CONTRA O RACISMO E EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Quando enxergamos à noite, no céu, a Primeira Centauro, na verdade é apenas o brilho da estrela Primeira Centauro de 4 anos atrás. Muitas das luzes que vemos no céu sejam, talvez, de estrelas que já morreram. Por que estou pensando nisso? O jornal New York Daily News de hoje, domingo, 5 de agosto, recordou em um canto de sua primeira página os 50 anos da morte da superestrela Marilyn Monroe, essa mulher absolutamente única, que capturou a imaginação de uma geração inteira, em toda a segunda metade do século XX. Pois essa mulher poderosamente fascinante, que arrastava multidões aos cinemas, deixou o mundo perplexo com seu suicídio na distante madrugada de agosto de 1962. Ninguém podia imaginar que, ao mesmo tempo, tratava-se da criatura mais indefesa, mais psiquicamente frágil e desprotegida em todo o formidável universo de poder e riqueza em que vivia. Li há alguns anos atrás, em sua biografia, que, ao tempo em que foi casada com o famosíssimo dramaturgo Arthur Miller, autor de "Morte de um Caixeiro-Viajante", peça encenada e reencenada milhares de vezes pelos palcos do mundo, ele (seu marido) foi perseguido e ameaçado pelo McCarthysmo e pelo famigerado Comitê de Atividades Antiamericanas. Colocando em risco sua já então fulgurante e milionária carreira, Marilyn posicionou-se com absoluta firmeza e solidariedade ao lado do marido. Em outra oportunidade, quando a magnífica cantora negra Ella Fitzgerald, no início de sua carreira, foi vetada na legendária Mocambo, a casa de espetáculos mais famosa de Los Angeles, nos anos 50, foi Marilyn quem intercedeu por ela. Disse que iria ao show todas as noites, enquanto Ella se apresentasse. Mesmo diante da possibilidade de ser boicotada por uma elite reacionária e conservadora, Marilyn não recuou. A boate ficou superlotada todas as noites e Ella Fitgerald foi catapultada para a condição de uma das maiores cantoras de jazz da história da música americana. A atriz Michelle Williams, interpretando Marilyn, foi indicada ao Oscar este ano. No escuro do cinema, adorei Marilyn Monroe em minha juventude. Hoje, eu a relembro com um tributo de admiração e respeito. Hoje, eu a reverencio por sua coragem cívica em defesa da liberdade de expressão e por sua grandeza humana na luta contra o racismo. Há seres humanos que nascem com tanto brilho, tanto carisma, tanta luz, que, mesmo após sua morte, essa luz continua viajando no espaço e chegando até nós, meio século depois. Como a Primeira Centauro. E como Marilyn Monroe.
(Abaixo, Marilyn e Arthur Miller, o homem por quem arriscou a vida e a carreira, em defesa da liberdade de expressão)