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domingo, 29 de janeiro de 2012

A ERA DOS EXTREMOS: UM SACO DE OBSESSÕES IDEOLÓGICAS

Meu texto recente sobre o filme Cavalo de Ferro e a Guerra de 1914 me fez lembrar de um livro que está entre os três  mais importantes que li em toda minha vida: "A Era dos Extremos", de Eric Hobsbawn. Esse livro, acho que lá por 1995, simplesmente desvendou diante dos meus olhos todo o enigma do século XX. Hobsbawn decifrou para mim a esfinge da era do dogma e da catástrofe. E me fez compreender o incompreensível: o desvario político-ideológico que hipnotizou boa parte da minha geração e da geração que nos antecedeu.
A era dos extremos de Hobsbawn se circunscreve a um período determinado: os vertiginosos 77 anos entre 1914 e 1991. Quer dizer: do início da I Guerra Mundial à extinção do Estado Soviético. O breve século XX. O século em que o sonho acabou. Nada se compara na História, diz Hobsbawn, ao ceifamento de vidas em massa ocorrido na I Guerra Mundial. Nem as hordas de Átila, nem os exércitos de Gengis Khan, nem a ocupação sarracena da Península Ibérica, nem as invasões bárbaras. Nada. Em nenhum momento anterior da experiência do homem sobre a face da Terra imperou tanta irracionalidade. Nunca antes havia sido posto em marcha, de forma tão fulminante e devastadora, um mecanismo tão absurdo e eficiente de destruição de vidas humanas. Por terra, mar e ar. Aviões de combate, potentíssimos canhões de 207 mm, metralhadoras Lewis, leves e mortíferas, peças antiaéreas, navios e submarinos com elevado poder de propulsão, balões de sondagem, novos e revolucionários sistemas de referenciação, incluindo fonolocalizadores, projetores de luz e radares. Em 1914 iniciou-se a escalada de uma nova e sofisticadíssima tecnologia da morte. 


Que se desdobraria na II Grande Guerra, na brutalidade do Holocausto, no horror da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945, estendendo-se por cinco décadas de medo e pânico que foram os anos da Guerra Fria e dos mísseis nucleares. Tudo isso em nome de um saco de crenças e obsessões ideológicas. De Hitler a Stalin, cada um se achando o detentor exclusivo do destino dos povos, cada um se achando o portador privilegiado de uma "solução final" para a grandeza do gênero humano. 
Andreas Baader
líder do Baader-Meinhof 
Trouxeram apenas dor e desesperança em proporções gigantescas. Já iniciamos a segunda década do século XXI  e o extremismo ainda não morreu.  


Ulrike Meinhof
líder do Baaden-Meinhof 
Aparece sob várias formas, velhas, tardias, obsoletas, mas reais em fanatismo e ambiçao de poder. Às vezes, infelizmente, mais próximos do nosso quintal do que imaginamos.


Perdoem-me, é domingo e eu não falei de flores.