Meu texto recente sobre o filme Cavalo de Ferro e a Guerra de 1914 me fez lembrar de um livro que está entre os três mais importantes que li em toda minha vida: "A Era dos Extremos", de Eric Hobsbawn. Esse livro, acho que lá por 1995, simplesmente desvendou diante dos meus olhos todo o enigma do século XX. Hobsbawn decifrou para mim a esfinge da era do dogma e da catástrofe. E me fez compreender o incompreensível: o desvario político-ideológico que hipnotizou boa parte da minha geração e da geração que nos antecedeu.
A era dos extremos de Hobsbawn se circunscreve a um período determinado: os vertiginosos 77 anos entre 1914 e 1991. Quer dizer: do início da I Guerra Mundial à extinção do Estado Soviético. O breve século XX. O século em que o sonho acabou. Nada se compara na História, diz Hobsbawn, ao ceifamento de vidas em massa ocorrido na I Guerra Mundial. Nem as hordas de Átila, nem os exércitos de Gengis Khan, nem a ocupação sarracena da Península Ibérica, nem as invasões bárbaras. Nada. Em nenhum momento anterior da experiência do homem sobre a face da Terra imperou tanta irracionalidade. Nunca antes havia sido posto em marcha, de forma tão fulminante e devastadora, um mecanismo tão absurdo e eficiente de destruição de vidas humanas. Por terra, mar e ar. Aviões de combate, potentíssimos canhões de 207 mm, metralhadoras Lewis, leves e mortíferas, peças antiaéreas, navios e submarinos com elevado poder de propulsão, balões de sondagem, novos e revolucionários sistemas de referenciação, incluindo fonolocalizadores, projetores de luz e radares. Em 1914 iniciou-se a escalada de uma nova e sofisticadíssima tecnologia da morte.
Que se desdobraria na II Grande Guerra, na brutalidade do Holocausto, no horror da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945, estendendo-se por cinco décadas de medo e pânico que foram os anos da Guerra Fria e dos mísseis nucleares. Tudo isso em nome de um saco de crenças e obsessões ideológicas. De Hitler a Stalin, cada um se achando o detentor exclusivo do destino dos povos, cada um se achando o portador privilegiado de uma "solução final" para a grandeza do gênero humano.
Aparece sob várias formas, velhas, tardias, obsoletas, mas reais em fanatismo e ambiçao de poder. Às vezes, infelizmente, mais próximos do nosso quintal do que imaginamos.
Que se desdobraria na II Grande Guerra, na brutalidade do Holocausto, no horror da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945, estendendo-se por cinco décadas de medo e pânico que foram os anos da Guerra Fria e dos mísseis nucleares. Tudo isso em nome de um saco de crenças e obsessões ideológicas. De Hitler a Stalin, cada um se achando o detentor exclusivo do destino dos povos, cada um se achando o portador privilegiado de uma "solução final" para a grandeza do gênero humano.
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Andreas Baader líder do Baader-Meinhof |
Trouxeram apenas dor e desesperança em proporções gigantescas. Já iniciamos a segunda década do século XXI e o extremismo ainda não morreu.
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Ulrike Meinhof líder do Baaden-Meinhof |
Perdoem-me, é domingo e eu não falei de flores.