LOVELOCK, A HIPÓTESE GAIA E O NASCIMENTO DE UMA NOVA ÉTICA AMBIENTAL CONTEMPORÂNEA
A idéia de maternidade vinculada à Terra vem do fundo dos tempos. Vem dos primórdios da história humana. Gaia, segundo a mitologia grega, é a deidade absoluta e primeira: é nela que se contém a simbologia original da vida. Gaia é a Terra. É a Natureza, a Mãe, o Cosmos, o abrigo, o alimento, a água, o fogo e o ar. A deusa Gaia é a alegoria da criação e da destruição e é, ao mesmo tempo, a fonte de todo equilíbrio. Urano concebeu no seio de Gaia dois filhos: Oceanus, o mar, e Chronos, o tempo. Nós, os seres humanos, como indivíduos, somos hóspedes transitórios, mas a vida humana está integrada de forma permanente a um modelo biológico que se define na nossa relação de intercâmbio e convivência com a imponente Gaia. O mecanicismo e a termodinâmica não são mais suficientes para explicar o destino do planeta.
Por isso lembrei-me da figura de James Lovelock. Ele tem muito a ver com o novo ciclo de consciência ecológica que a humanidade passou a viver a partir da segunda metade do século XX. Da cabeça privilegiada de Lovelock saiu a Hipótese Gaia, uma teoria científica segundo a qual a Terra (Gaia) não é apenas um imenso astro boiando no espaço, mas sim um organismo vivo e autorregulável. Gaia rege os processos de fertilidade, crescimento, vida e morte de tudo que sobre ela existe. Como uma grande e poderosa mãe, com a qual temos que viver com respeito e em harmonia, de forma integrada e interativa.
Lovelock e a sua parceira Lynn Margullis fizeram a ciência do século XX e início do XXI olhar com mais respeito para esse ser homeostático, biologicamente reativo, que é a Terra. Suas idéias ajudaram a criar uma nova ética ambiental contemporânea - e a visão de Gaia está, sem dúvida, na base do movimento ambientalista mundial, tal como o conhecemos hoje.
Clique na imagem para ampliar |