Na fatídica madrugada de 22 para 23 de fevereiro de 1942, o escritor Stefan Zweig e sua companheira foram encontrados mortos em um bangalô, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Suicídio ou assassinato? A verdade sobre Stefan Zweig jamais foi trazida à luz.
Agora, essa história de mistério e suspense, esse estranho amor de Zweig pela introspectiva Charlotte, são talentosamente contados em mais um romance do escritor Deonísio da Silva: "Lotte & Zweig". Deonísio da Silva arquiteta cinco linhas narrativas, a partir de diferentes perspectivas: do autor, de Zweig, da polícia brasileira, dos agentes do Reich e, finalmente, do ponto de vista de Charlotte Altmann, a Lotte. São, na verdade, cinco itinerários: o enigma da morte de Lotte e Zweig vai sendo dissecado pouco a pouco até o seu desfecho. Os distintos pontos de vista da narrativa, que parecem contraditórios e até excludentes entre si, acabam convergindo em direção a um vértice fatal, no qual o leitor é quem constrói a conclusão inevitável. Nos entreatos, Deonísio, com leveza e erudição, define quem é Zweig. Seu tamanho como intelectual, como biógrafo, como ensaísta, como conferencista e como grande amigo de Freud. Paralelamente, toda a perplexidade e solidão de Lotte, a silenciosa companheira, vai sendo revelada. Nesses tempos sôfregos, a mais recente obra de Deonísio da Silva é uma parada importante para pensar o Brasil. O Brasil que fomos e somos. "Lotte & Zweig" - sem dúvida - é um belo livro. É uma grata notícia para a literatura brasileira.